Quando eu estava refletindo sobre minhas experiências com pessoas idosas para redigir o propósito da Digitalidade, a expressão “envelhecimento conectado” surgiu na minha mente. Inicialmente, pensei: “OK! Isso tem a ver com o que faço — alfabetização tecnológica, letramento digital e assistência no uso de aparelhos e aplicativos para os mais velhos.” Porém, senti que era mais do que isso.
O conceito de “conectado” que eu queria transmitir ia além da tecnologia. Tratava-se de estar junto, envelhecer junto, criar e manter relações ao longo do tempo, vivenciar novas experiências sociais, expressar-se, participar, compartilhar — tudo isso através da tecnologia, mas com foco no aspecto humano.
Decidi então olhar para o passado e lembrar de como tudo começou, revisitando minhas inspirações e motivações. Foi em 2013, quando trabalhava como vendedor em uma loja da Claro Brasil, no Bourbon Shopping, em São Paulo. Lembro claramente da senhora Alda — uma cliente que sempre me procurva para atendá-la — que depois do atendimento bateu na mesa e disse: “Devia ter uma escola que ensinasse essas tecnologias para a gente.”
Foi a partir daquele momento que comecei a observar a população 60+ com mais atenção. Descobri que, no Brasil, havia mais de 30 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. No mundo, segundo a ONU, esse número chegava a 761 milhões. Todos envelhecendo em meio à robotização, digitalização e às rápidas transformações nas esferas do trabalho, consumo, cidadania e lazer.
Imerso nesse universo, me aprofundei ainda mais. Fiz trabalho voluntário em ONGs e instituições públicas e privadas voltadas para a chamada terceira idade. Li livros, participei de palestras, simpósios — tudo que estava ao meu alcance para entender melhor esse público.
Após revisitar minha trajetória como empreendedor nessa jornada de criar um negócio para o público 60+, tudo fez sentido. Assim como a senhora Alda, existem milhões de outras Margaridas, Josés, Olívias, Geraldos, Marias e Simãos com o desejo e a necessidade de utilizar a tecnologia de maneira independente no dia a dia.
Por isso, o propósito da Digitalidade só poderia ser um: empoderar as pessoas mais velhas por meio da alfabetização tecnológica e letramento digital, promovendo um envelhecimento conectado e ativo, com mais autonomia e independência nas relações sociais e experiências mediadas pelas novas tecnologias.
